JS NewsPlus - шаблон joomla Продвижение
ptenites
×

Aviso

JUser: :_load: Não foi possível carregar usuário com ID: 631

Turismo

 

(04-07-2009)

Pepita resguardada no Cerrado

por Fernando Brito

Patrimônio nacional, a cidade goiana enfeita o Cerrado com história preservada, arte, folclore e culinária

A vida só pode ser compreendida voltando-se para trás, mas só pode ser vivida olhando-se para a frente. Pirenópolis vivenciou o apogeu e a decadência do ciclo do ouro no século XVIII. Hoje, desponta como um dos destinos mais visitados por brasileiros do Sul e Sudeste do País e estrangeiros de várias procedências. A idéia dos moradores é fazer todo o Brasil conhecer Pirenópolis, que desenvolve o turismo seguindo os passos da sustentabilidade e profissionalização.

Fundada em 1727, Pirenópolis ou simplesmente Piri pode ser comparada a uma pepita de ouro esquecida por bandeirantes que desbravaram a região. Preservada, a cidade se debruça aos pés da Serra dos Pireneus, de onde advém seu nome, e segue os contornos do Rio das Almas, que atravessa e emoldura cada recanto.

A cidade tem nas ruas e becos de pedras e no casario colorido e cheio de história o seu atrativo maior. Eis a primeira rota para conhecer Piri. O Centro Histórico é pequeno, mas repleto de atrativos, como a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, considerada a mais antiga de Goiás.

O altar-mor da matriz tem detalhes em ouro. O templo é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Naciona (Iphan) desde 1941. Um incêndio, em 2002, chegou a destruir a maior parte da igreja, depois recuperada. Um museu ao lado do templo mostra a história da reconstrução.

A partir da edificação religiosa se descortinam a Rua Direita e seu casario colorido e o Museu das Cavalhadas, as ruas do Rosário e da Aurora e a Igreja Nosso Senhor do Bonfim. Bem perto fica a ponte de madeira sobre o Rio das Almas. Sob a construção, o rio presenteia a cidade com minúscula faixa de terra branca, a praia central dos pirenopolinos. Mais adiante estão a Casa de Câmara e Cadeia e o Theatro de Piri.

No caminho dos atrativos culturais sobram lojas de artesanato e ateliês de artistas locais. Já nas cercanias da cidade, a grande atração é a Fazenda Babilônia, que pertence à alegre Telma Lopes.

Englobando casarão, engenho, museu e capela construída pelos escravos, a Fazenda Babilônia é um ícone da história do Brasil Central. O visitante aprecia o cenário, ouve histórias e saboreia um autêntico café sertanejo.

À noite, a temperatura cai e a moda apropriada para o clima frio ganha as ruas. Lampiões iluminam Piri, tornando o passeio ainda mais charmoso. A Rua do Rosário se transforma em Rua do Lazer. Com mesas e cadeiras nas calçadas, bares e restaurantes convidam para romântico jantar ou a diversão em família ou com os amigos.

Exuberância

Os amantes do turismo de aventura e natureza encontram em Pirenópolis um território exuberante. No entorno da cidade, o Cerrado montanhoso abriga cerca de 100 cachoeiras de águas cristalinas, perfeitas para o banho, contemplação e esportes com altas doses de adrenalina.

Piri tem o Parque Estadual Serra dos Pireneus, com rica biodiversidade do bioma, e comporta inúmeras reservas particulares do patrimônio natural, as RPPNs, dotadas de estrutura para visitação.

Numa dessas RPPNs se descortina a Cachoeira do Abade, com 22 metros, a mais alta da Serra dos Pireneus. Uma trilha de pedras leva à queda d´água, que surge imponente do alto de um paredão de pedras multiformes tomadas pelo verde.

No período de seca, a cachoeira forma um lago e pequena praia de areia branca em pleno Cerrado. Mais que o banho, a contemplação é ritual quase obrigatório. Próximo fica a cachoeira do Caniôn.

Dentre os atrativos naturais de Pirenópolis, o Santuário de Vida Silvestre Fazenda Vagafogo é um capítulo à parte. Ali, o visitante se diverte em atividades de educação ambiental, ecoturismo e produção sustentável de alimentos.

A trilha Mãe da Floresta, com 1500 metros, leva a árvores centenárias que margeiam o Rio Vagafogo, com piscina natural e cachoeira. Na entrada, um aviso poético: ´ouça os sons e deixe-os vibrar em você. Sinta a passagem do vento, a textura da terra onde pisa, o frescor da água.´

No retorno ao ponto de apoio, o visitante saboreia o brunch da Vagafogo, farta refeição com mais de 45 itens produzidos na própria fazenda a partir de frutos e ervas do Cerrado. Destaques para o apetitoso e estimulante baru, a erva vinagreira e os sucos de jabuticaba, amora e cagaita, dentre outras guloseimas.

Cavalhadas, mesa farta e artesanato

Quando o assunto é gastronomia, Pirenópolis é uma verdadeira festa e os pirenopolinos se dizem farturentos. Afinal, a mesa é uma fartura só. As doceiras da cidade, como dona Enói, Dora e a simpática Cerize, são ´deusas do sabor´, produzindo doces variados, a exemplo das ´verônicas´; e empadões de todos os tamanhos, onde a guabiroba é o ingrediente especial.

Na cidade, as cozinhas se tornam mais um diferencial, atraindo público para fazendas como a Babilônia e aos restaurantes, em especial os do Centro Histórico. Nesses espaços, a estrutura, preparação dos pratos e o atendimento, dentre outros itens, foram qualificados pelo projeto ´Caminhos do Sabor´, desenvolvido pela Abrasel Nacional, com recursos do Ministério do Turismo (MTur).

A ação de aprimoramento foi executada no ano passado, com a participação de 28 estabelecimentos. Os empresários tiveram noções de gestão financeira do negócio, atendimento e higiene, dentre outros temas. O resultado se vê de pronto ao sentar-se às mesas e se completa com o sabor dos pratos e sobremesas. Frutos da região, como o baru e o pequi, ganharam refinamento, tornando-se acompanhamento ideal para carnes nobres.

Pirenópolis também é pioneira em iniciativas que aliam viagens e gastronomia, um apêndice do turismo de experiência. Exemplo disso é o roteiro em que o visitante participa de almoço em charmosa pousada, com o passeio começando na colheita dos alimentos a serem consumidos e passando pela preparação dos pratos pela chef francesa Mimi.

Outra atração de Piri é o rico artesanato, que conta e preserva a história do lugar. São muitos produtos forjados a partir do isolamento da cidade no passado. Festas folclóricas e populares foram criadas para envolver o povo do lugar e, com elas, objetos identificados com os eventos, belos e notáveis.

Hoje, o artesanato de Pirenópolis apresenta-se ainda melhor e alcançou seu valor real. Isso se tornou possível com a qualificação dos artesãos através do projeto ´Artesanato de Goyases´, oficina realizada, em 2008, pelo Instituto Casa Brasil de Cultura, com recursos provenientes do MTur.

Em Piri, a oficina contou com a participação de 17 artistas locais, como a ceramista Cristina Galeão, Sandra Carvalho, que produz bonecos em cabaças; e as tecelãs irmãs Machadinho. Os trabalhos dos ´alunos´ artesãos ganharam qualidade, exclusividade e, assim, um novo preço.

A qualificação fez os artistas aprimorarem seu ofício, ganharem reconhecimento e agregarem renda. Melhor ainda para os visitantes, que agora adquirem máscaras de papel, estandartes do Divino e dos cavaleiros, jóias, tecidos em tear, cerâmica vitrificada, peças em ferro, quadros de recorte em papel, peças em madeira rústica e outros produtos artesanais com qualidade singular.

Cavalhadas

Não bastassem tantos atrativos, Pirenópolis é a terra das Cavalhadas, ponto alto da Festa do Divino Espírito Santo e principal manifestação religiosa e cultural da cidade. A cada ano, a festa se inicia 50 dias após a Páscoa e tem como figura central o Imperador do Divino.

A programação inclui novenas, pousos, levantamento de mastro, queima de fogos, procissões e reisados e finaliza com as tradicionais Cavalhadas, representação medieval da luta entre mouros e cristãos. A luz das fogueiras e dos fogos de artifício ilumina o céu e se une à chama da fé do povo do lugar e ao brilho das estrelas, tornando Pirenópolis um destino ainda mais especial.

Fonte:Diario do Nordeste