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Pirenópolis: hippie e chique

(02-07-2009)

 

Por Bruno Albertim
Até Brasília fincar suas superquadras, avenidas retas e esquinas ausentes no Planalto Central, Pirenópolis praticamente não existia. Não para o resto do Brasil, entenda-se. Uma das mais antigas cidades de Goiás, consequência preciosa da busca por ouro no interior do País, Piri, como lhe chamam os íntimos, foi alvo de uma invasão. E, por isso, ela agora está no nosso mapa de interesses.

Para buscar assento à beira de seus muitos rios e cachoeiras ao lado das tradicionais famílias pirenopolinas, vieram os hippies. O pessoal do paz e amor viu ali a arena perfeita para as comunidades alternativas de nossa versão cabocla da contracultura. Eram muitos, daqui e de fora. “Lembro até hoje a cara de horror da minha avó quando vieram os hippies”, lembra Telma Lopes, membro de uma das mais tradicionais famílias locais e de uma memória preciosa sobre o caráter e a história de sua terra. “Imagina, as procissões tradicionais passando pela cidade e uma moça na frente, só de biquíni, com os dois dedinhos para cima. Ou as cenas de amor livre nos rios locais. Era um horror!”, diz ela, sem conter o riso.

Isolada por séculos, a cidadezinha se manteve praticamente intacta. Ainda que lofts, villages, country resorts e outras novidades arquitetônicas apareçam aqui e ali pelos arredores, Piri, hoje tombada, está quase que inteiramente preservada.

Como os hippies de ontem são os empresários de hoje, o turismo veio depois deles. Assim, destino natural de fim de semana dos moradores de Brasília, a menos de duas horas de distância rodoviária, o lugarejo hoje sedia a convivência pacífica entre o pessoal da roça, os gringos aventureiros e os domadores de Pajeros e outros possantes vindos da capital federal em busca de dolce far-niente.

Piri é assim: provinciana e cosmopolita, tradicional e ousada, rústica e sofisticada, hippie e chique. Concreta e surreal. Sim, aqui, em pleno coração do Brasil, cheio de serras, matas e cachoeiras às dezenas (dizem que são, ao total, 79 quedas-d’água), se mantém viva a tradição da Festa do Divino e das cavalhadas. Em pleno século 21, moradores se engajam, montados a cavalo, em batalhas simbólicas que reproduzem as Cruzadas entre cristãos e mouros. Durante dias, toda a cidade entra numa grande fantasia coletiva.

A cidade é pura cenografia. Mas não é apenas cenário. Ao contrário da mineira Tiradentes, hoje praticamente só comércio e serviços por trás das fachadas históricas, Piri não se deixa entregar tão facilmente. Crianças e adolescentes locais ainda se banham no riozinho que cruza o Centro Histórico, senhorinhas ainda trocam velhas receitas de doce, cadeiras ocupam as calçadas para um dedo de prosa. Vire a página e conheça um pouco mais de Pirenópolis, a pacata ex-rainha hippie do Brasil.

Fonte: Jornal do Commercio