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Pirenópolis no coração dos turistas

 

15/06/2009

No Estado de Goiás, há pouco mais de cem quilômetros de Brasília, encontra-se a cidade de Pirenópolis, onde me encontro, passando este feriado de Corpus Christi.

Há muito venho querendo escrever sobre Pirenópolis, onde tenho uma casa de férias, à qual sempre procuro vir durante minhas esparsas viagens ao Brasil, mesmo que seja a trabalho.

Em primeiro lugar, Pirenópolis tem pessoas gentis, tem GENTILEZA. Nas ruas da cidade, no trânsito, há espaço para a cortesia - coisa que, como sabe bem o caro leitor, ou a cara leitora, já se perdeu nas ruas das grandes cidades brasileiras. Infelizmente.

Em Pirenópolis, há por exemplo o Roberto, leitor assíduo e comentador desta coluna, cuja existência ele descobriu por conta própria, sem que eu falasse nada. Roberto foi o construtor da minha casa. Desde o início, do dia em que o conheci até o fim da obra, que levou muitos meses (e depois, com os adendos de piscina, churrasqueira etc, anos), Roberto sempre fez tudo com o maior capricho.

Nunca lhe faltou atenção a qualquer detalhe. Ademais, sempre soube ser gentil, não só comigo - dono da casa - mas também com todos que trabalhavam sob suas ordens. Resultado: Roberto, de construtor, tornou-se um amigo, e minha casa, apesar de simples, tem uma energia muito boa, é muito bonita e gostosa de nela se viver... mesmo que só alguns dias por ano, como me toca hoje em dia!

Pirenópolis possui ainda o famoso Dagmauro, carpinteiro e marceneiro que aprendeu seu ofício num colégio de padres no Recife e para aqui se mudou não se sabe muito bem quando, ou porquê. Tímido, mas sempre sorridente, Dagmauro é personagem importante na cidade. Todos os anos, na época do Natal, há encenações da Paixão de Cristo no átrio da Igreja Matriz, para o deleite de todo o público da cidade, e o Dagmauro - magro, debarba negra, finos tracos, carpinteiro... e principalmente por ter bom coração, creio eu - cumpre a nobre tarefa de representar Jesus Cristo naquele momento de fé cristã.

Uma vez, perto do fim do ano de 2007, Dagmauro andou atrasando a entrega de uns armários que eu havia encomendado, então meu arquiteto explicou-me o motivo do atraso: "veja, o Dagmauro está com tudo atrasado, não só o seu serviço como vários outros na cidade, porque ele está todo o tempo ocupado com os ensaios da Paixão de Cristo". Nada mais pude fazer, do que acatar o nobre motivo.

Em Pirenópolis, há ainda um dos melhores restaurantes do mundo, embora conhecido apenas por poucos, somente pelos iniciados. O nome do extraordinário estabelecimento é "As Flor".

Pelo que pude apurar, em amplas e científicas investigações, realizadas durante repetidas visitas ao estabelecimento, o lugar tem esse nome porque suas donas são irmãs, de sobrenome "Flor". De todo modo, o detalhe do título não importa tanto. Importante é a experiência gastronômica que ali se tem.

Ao chegar para almoçar pela primeira vez nesse templo, por exemplo, o cliente noviço, incauto, faminto, é abordado por uma das irmas Flor, que lhe pergunta o que vai beber. Ele responde: ela traz o refrigerante, o suco, a eventual cerveja gelada. E desaparece. Passados longos minutos, o cliente, afoito, vai levantar-se, buscar satisfação: "a senhora não vai pegar o pedido de comida?" Ao que ela responde: "Comida? Não se preocupe não senhor, já está fazendo lá dentro... já, já, chega!"

O nosso faminto e maravilhado cliente percebe, agora, um aroma de comida quentinha vindo da cozinha. Poucos minutos depois, chegam à sua mesa fumegantes quitutes, couve, saladas, farofas de vários tipos, feijão tropeiro, feijão preto no caldo com bacon, arroz branco soltinho, verduras diversas cozidas no vapor, uma pimentinha, ervas para tempero, bifes de carne de boi e de carne de porco acebolados, com delicioso tempero, pedaços de frango assado...

Tudo muito bem cozido, ou cozinhado. Tudo por um preço módico, que se paga ao final, por pessoa. E, bem, se no meio da refeição por acaso você consegue "liquidar", por exemplo, o prato de arroz, ou os bifes que chegaram à mesa na travessa, não há problema: é só pedir, que o pessoal traz mais...

Não concorda comigo, caro leitor, caro leitora, que esse é um dos melhores restaurantes do mundo? Comida saborosa, farta, variada, a preços MUITO justos, num ambiente descontraído, sem formalidades, onde se é tratado com cortesia, sem excesso de rapapés ou salamaleques. Além de tudo, nem é preciso ler o cardápio, escolher o prato: toda a comida chega ao seu prato imediatamente, sem voce ter de fazer nenhum esforço.

Bom, entao é isso, fico por aqui. Guardei essa para as linhas finais: deixo vocês agora, pois já passou da hora do almoço e tenho de correr, se não o "As Flor" fecha!

Fonte: Terra Magazine